Contando com a colaboração de experiências do Brasil, da Argentina e do Chile, o programa
Realizado dentro dos parâmetros ideais do PNLL – busca do consenso, livre debate, atuação conjunta de todas as cadeias do livro – o Fórum, apesar de não ser uma instância deliberativa, redigiu algumas recomendações que sintetizam as principais conclusões dos dois dias de trabalho.
RECOMENDAÇÕES DO FÓRUM LITERATURA NA ESCOLA
1) O Fórum Literatura na Escola recomenda ao Conselho Nacional de Educação (CNE) que se inicie um amplo debate visando à reintrodução da literatura nas diretrizes curriculares e que a Biblioteca seja considerada um recurso de aprendizagem central no processo escolar.
2) O Fórum Literatura na Escola recomenda a proposição, com a chancela final do MEC e do MinC, de um guia sobre o assunto, dirigido a professores, educadores, editores, imprensa especializada, bibliotecários, autores e público em geral contendo proposições sobre o tema, baseadas nas discussões ocorridas neste Fórum; a saber, no privilégio à autonomia literária, à literariedade das obras, à leitura como fonte de prazer, reflexão e engrandecimento humano, à liberdade de criação e leitura e, enfim, à criação de espaços especiais para a Literatura nas escolas, tratada não como matéria curricular nem sujeita a avaliação, mas oferecida como experiência de leitura aos alunos.
Um esboço dessa peça, posteriormente encaminhada ao MEC e ao MinC, será redigido por uma comissão integrada por instituições representativas dos escritores, de educadores, de bibliotecários, em contato com pólos hoje empenhados na formação de professores leitores e mediadores de leitura.
O guia não deverá chegar à escola sem apoio, mas acompanhado de professores com formação para utilizá-lo. Deve também contemplar, consoante com os pontos de vista levantados neste fórum, uma literatura livre de utilização e utilitarismos, tanto políticos, quanto religiosos e didáticos, de interferências de concepções que burlam sua autonomia, como as que vulgarmente são denominadas de “temas transversais”, “uso paradidático” e “palavras e expressões politicamente corretas”.
Trará como princípios a defesa da biblioteca escolar como o coração e o cérebro da escola; da preservação e ampliação de seu espaço físico, acervo e recursos, principalmente da figura do responsável pela biblioteca como um profissional especializado na mediação da leitura.
Recomenda ainda a promoção do professor como leitor, em primeiro lugar, considerando sua formação, qualificação contínua e remuneração, com condições, tempo disponível, direito e obrigação de adquirir, manter e explorar continuamente um acervo pessoal; e imediatamente a seguir, como mediador de leitura.
Finalmente, o guia reforçará a concepção de Literatura - dentro dos princípios da liberdade, da criação e da autonomia literária - como experiência existencial viva, expressão e engrandecimento do indivíduo e das culturas, prazer e fruição, reflexão sobre o sentido da vida e da saga humana, exploração dos múltiplos aspectos do ser e da condição humana, busca do belo, risco estético, transformação da pessoa e do mundo.
3) O Fórum Literatura na Escola recomenda que a biblioteca escolar seja compreendida como espaço destinado aos diferentes níveis de escolaridade (educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), devendo atuar como centro dinamizador da leitura e difusor do conhecimento produzido pela humanidade, de forma a garantir o acesso aos bens culturais produzidos socialmente e traduzidos nos diferentes suportes de informação que abrigam esses textos – da literatura ao texto científico (definição adotada para o texto de regulamentação da lei do livro). Recomenda igualmente organizar e implementar diferentes modalidades de formação, básica e continuada, para bibliotecários de escolas, enquanto mediadores de leitura, a partir de projetos-piloto a serem realizados em distintas realidades brasileiras.
Brasília, 25 de julho de 2008.
Fórum Literatura na Escola
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