
Marília pergunta. Marô responde.
Marília Pirillo - Marô, conta um pouco como a literatura infantil entrou na sua vida e tomou conta dela. Dá pra colocar uma ordem nos acontecimentos? A leitora se tornou professora e depois a contadora de histórias virou escritora?
Marô Barbieri - A literatura sempre fez parte da minha vida desde as leituras de criança até a escolha do curso de Letras para formação acadêmica. O livro sempre me acompanhou (aliás, quando casei, meu marido e eu não tínhamos quase nada, mas tínhamos um monte de livros!). Dá para ver, portanto, que a leitura foi sempre uma paixão, além de obrigação profissional.

Neste contato, percebi que podia ser uma boa contadora de histórias. Da contação à escrita foi um passo rápido. Por que não documentar a criação oral? Mas como a passagem não é tão fácil assim, meu texto foi amadurecendo com o tempo e com a percepção de que um trabalho cuidadoso com a palavra é que distingue o verdadeiro escritor.
Portanto, de fato, a professora se tornou contadora (atividade que também desenvolvo atualmente) que se tornou escritora.
MP - O contato constante com crianças e com professores contribui de alguma forma no seu processo criativo como escritora?
M - Há, naturalmente, alguma relação. Procuro trabalhar nos dois eixos: contato com a criança (em escolas, em feiras e em quaisquer espaços culturais direcionados ao público infantil) e interação com professores (em oficinas, cursos, palestras e eventos pedagógico/culturais). Isso me permite uma observação ampla e diversificada dos interesses dos dois grupos. Então ficam na memória pedaços de conversa, uma frase ou outra ouvida no meio das brincadeiras, a voz de uma sugestão, um gesto ou olhar especiais.

MP - Na sua opinião, a contação de histórias é um instrumento eficiente na promoção do livro, da literatura e na formação de público leitor?
M - Sem dúvida a contação de histórias pode ser um meio potencializador de formação de leitores. A relação com o livro pode ser criada pela contação. Para isso é preciso que a história contada seja a interpretação oral de um texto de livro ou até a reprodução memorizada do texto escolhido.

MP - Além de escrever você se ocupa com a edição, distribuição e comercialização de seus próprios livros, ou seja, acompanha a obra do início até o destino final, os leitores. Quais as vantagens e desvantagens de estar ligada a esse processo?
M - Como a relação entre escritor/editora não é muito equilibrada, quer dizer, como o autor recebe um percentual muito pequeno na venda do livro, resolvi assumir o compromisso de publicar meus próprios textos. Não sem antes passá-los por uma comissão editorial que me assegura sua qualidade. O trabalho é árduo, mas compensador. Um exemplo: como circulo muito nos espaços escolares e culturais, a divulgação e a distribuição – que são dificuldades sérias na comercialização – se fazem naturalmente.

Claro, não é fácil ser editora, financiadora, divulgadora, telefonista, empacotadora e ainda realizar uma boa performance nos encontros autora/leitores, mas quando se faz o que se gosta, tudo se torna viável. E o retorno financeiro é muito compensador.
MP - Envolvida em mil e uma atividades como associações, oficinas, fóruns, encontros e rodas de leitura, com certeza você tem material suficiente para a publicação de um livro sobre qualidade, incentivo e dinamização da leitura de literatura infantil e juvenil nas escolas. Este projeto já existe?
M - Não. Justamente por estar envolvida e comprometida com a promoção da leitura e da literatura em variados espaços, não me sobra tempo para escrever senão texto literário.

Marô pergunta. Marilia responde.
Marô Barbieri - A gente se conheceu em Porto Alegre, há algum tempo atrás. Você ilustrou dois dos meus livros e sempre fui fã de seu trabalho. Morar no Rio, atualmente, faz diferença em sua vida profissional? Em quê? Por quê?
MP - Minha mudança para o Rio de Janeiro ocorreu por motivos profissionais. Novas oportunidades e a possibilidade de, depois de muitos anos trabalhando com ilustração publicitária, poder me dedicar exclusivamente à literatura, como sempre desejei, acenavam para mim. Hoje, morando no Rio, tenho a chance de participar de eventos, encontros, oficinas e cursos de literatura. Entre eles a oficina literária ministrada pela Anna Cláudia Ramos, atual presidente da AEI-LIJ, mestre e amigona. Essa oficina em especial tem sido uma aprendizagem muito rica e estimulante, um marco na minha carreira.
M - Dentro ou fora da ilustração, que atividade você ainda não fez e gostaria de fazer?
MP - Em ilustração já fiz muita coisa, em diferentes estilos e para diversos fins, mas ainda quero fazer muito mais. Só que, agora, somente para os livros.

M - Você é – também – escritora. Seu “Baratinada”, da editora Biruta, é um ótimo livro, com texto ágil e divertido. O fato de ter ilustrado tantos textos colaborou para que você tivesse vontade de escrever? Ou é uma idéia antiga finalmente posta em prática?
MP - Sempre tive vontade de escrever e sempre escrevi muito, mas nunca tive coragem de mostrar o que escrevia. Na escola e na faculdade (cursei Publicidade e Propaganda na PUC) sempre fui elogiada pelas minhas produções textuais, mas eu não me achava capaz de escrever literatura de boa qualidade. E acho que ainda não era mesmo (risos).

M - Soube que você esteve na Itália – terra de artistas magníficos – fazendo um curso de aperfeiçoamento. Houve mudanças em seu trabalho depois disso?
MP: Em julho de 2007 estive em Sármede, participando de dois cursos de ilustração para livros infantis. Foi maravilhoso ficar 8 horas por dia mergulhada em desenhos e pinturas, experimentando, observando, aprendendo e criando, sem prazos nem qualquer outro compromisso da vida rotineira interferindo no processo.

M - Todos temos planos para o futuro e eu tenho por hábito brindar com os amigos, dizendo: “Ás coisas boas que vão nos acontecer!”. Quais são algumas das coisas boas que vão lhe acontecer?
MP - Adorei esse brinde! Vou usar em todas as festas de final de ano (risos). Bem, o que vai acontecer...

Um comentário:
Olá Hermes! Tudo bem? Fiz um blog e coloquei o link do AEI-LIJ - RS lá, se der coloque o meu aqui também! Dê uma passadinha lá para ver as novidades (inclusive as fotos de Poa)!
Beijo,
Tânia.
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