Este
é o nosso primeiro Vice-versa de 2012 e contamos com a troca de perguntas e
respostas entre duas promissoras profissionais – Leila Pereira e Patrícia
Langlois.
Leila é escritora e contadora de histórias. Iniciou a carreira
literária em 2009 e, de lá para cá, suas publicações não param de crescer.
Patrícia é artista plástica e arte-educadora. Vem se destacando com suas
experimentações na área da ilustração.
Juntas
pela primeira vez, elas nos brindaram, este ano, com uma belíssima obra de LIJ. Vejam o que Leila e Patrícia têm a nos contar.
Patrícia pergunta.
Leila responde.
Patrícia – Leila, qual o
papel da narrativa oral para a formação do leitor?
Leila – Sou educadora, e minha visão
parte primeiramente de meus estudos e experiências nesta área. O primeiro
contato da criança com "a palavra" se dá através da linguagem oral,
já a partir de sua vida intra-uterina. A criança ouve a voz da mãe e reage a
este estímulo. Desta época até o início do processo de alfabetização decorrem
alguns anos. Neste período a criança vai tendo contato intenso com a oralidade.
Nas escolas infantis, as educadoras costumam trabalhar bastante a narrativa
oral, através das contações de histórias e leituras de livros para as crianças.
Alguns pais têm o hábito de fazer leituras para seus filhos também (e a escola
procura estimular esta prática). Isto é um fator importantíssimo para a
formação do leitor. A criança que ouve histórias desenvolve rapidamente a
oralidade e apresenta maior interesse no aprendizado da escrita, bem como maior
capacidade de concentração. Para o desenvolvimento do hábito de leitura são
necessários estes dois ingredientes: interesse e concentração.
Entretanto, há casos de crianças que não receberam estes estímulos na infância. E a narrativa oral, aqui também, pode ser uma ótima ferramenta para o processo de formação do leitor. Ouvir histórias é sempre bom, em qualquer idade. Vejo, pela minha prática como contadora de histórias, principalmente com adolescentes, que se mostram "resistentes" num primeiro momento, mas posteriormente envolvem-se e acabam gostando. E a contação de histórias deve ser exatamente isto, um estímulo para a leitura.
Leila – Meu público alvo é normalmente de crianças
pequenas - educação infantil até 4º, 5º ano. Percebo que eles ficam mais
atentos quando faço uso de recursos concretos. Portanto, normalmente utilizo
objetos, fantoches, palitoches, imagens ou adereços em minhas contações. Outro
recurso que sempre utilizei, e acredito que enriquece muito uma contação de
histórias para crianças, é a música. A música alegra, agrega, tornando o
momento ainda mais lúdico. Gosto ainda de proporcionar a interação das crianças
na atividade. Sempre que possível, utilizo este recurso.Entretanto, há casos de crianças que não receberam estes estímulos na infância. E a narrativa oral, aqui também, pode ser uma ótima ferramenta para o processo de formação do leitor. Ouvir histórias é sempre bom, em qualquer idade. Vejo, pela minha prática como contadora de histórias, principalmente com adolescentes, que se mostram "resistentes" num primeiro momento, mas posteriormente envolvem-se e acabam gostando. E a contação de histórias deve ser exatamente isto, um estímulo para a leitura.
Patrícia – O que é necessário para um texto
infantojuvenil ser de qualidade?
Leila – Acredito que o texto de
qualidade é aquele que possibilita um crescimento intelectual ao leitor. Em se
tratando de crianças de educação infantil, acho que os paradidáticos têm o seu
valor, contribuindo para o ensino e para estimular a criança a se tornar um
futuro leitor.
Patrícia – Quais são seus próximos projetos literários?
Patrícia – Quais são seus próximos projetos literários?
Leila – Tenho diversos projetos
em andamento e alguns em estudo. Pretendo ampliar meu foco de atuação,
oferecendo textos também para adolescentes. Como editora, estou também abrindo
possibilidades de lançamento de novos autores.
Patrícia – Como surgiu a Vitrola de Histórias?
Patrícia – Como surgiu a Vitrola de Histórias?
Leila – A Vitrola de Histórias surgiu quando
conheci a cantora e instrumentista Karine da Cunha, em 2011, no Palco das
Artes, que ficava no Praia de Belas Shopping, onde atuei durante um ano e meio.
Karine gostou dos meus livros e eu do seu trabalho como musicista. Criamos a
Vitrola, que está aí, fazendo sucesso nas escolas, feiras, bibliotecas, etc...
Em outubro deste ano, estaremos lançando nosso primeiro CD. Este é da Coleção
Cantigas Contadas, primeiro espetáculo que criamos.
Leila pergunta. Patrícia responde.
Patrícia – O desejo surgiu com o
nascimento do meu filho. Não demorou muito a surgir a primeira oportunidade e
desde então tenho me dedicado à ilustração e participado de oficinas literárias
e faço parte do grupo Corrupio – Núcleo
de Criação, juntamente com as ilustradoras Gisele Federizzi Barcellos e
Catherine De Leon, onde desenvolvemos estudos sobre literatura e ilustração.
Leila
– Quando tens contato com o texto a ser ilustrado qual a sequência - se é que ela
existe - do processo criativo?
Patrícia – Leio o texto
várias vezes em busca de imagens no meu imaginário. Para cada parte do texto,
dividido, procuro representar a cena de forma que não entregue a história antes
do término da leitura da página. Faço vários esboços para criar os personagens
e as cenas. A técnica geralmente é escolhida pelo editor. Quando parte de mim a
escolha, procuro que seja de acordo com o tema do texto, como no livro
Assombros Juvenis, livro de contos de terror organizado pela Confraria
Reinações, no qual trabalhei com Linóleogravura, que me possibilitou um
resultado mais forte e visceral. Já no livro – Um Presente Especial – de
autoria de Leila Pereira, livro infantil, trabalhei com feltragem e bordado, resultando
em um trabalho muito delicado. Para cada história procuro soluções plásticas
que possam agregar algo a mais no livro. O texto e a imagem possuem linguagens diferentes,
que em um bom livro, dialogam em completa harmonia.
Leila – Ao ler livros ilustrados por colegas, tu imaginas
outra maneira de ilustrá-los? Sentimentos do tipo "eu faria esta
personagem de outro modo", vêm à tua mente?
Patrícia – Quando leio um livro ilustrado procuro sempre observar
as técnicas e os recursos visuais usados pelo ilustrador, sempre procuro ver as soluções
plásticas mais no sentido de
apreciar e de ver as sacadas dele em relação ao texto e nunca procurando aspectos negativos no
trabalho do outro. Algumas vezes, as
ilustrações não me agradam, seja pelo estilo escolhido ou por serem muito
literais, mas não fico pensando como eu faria. Penso que o ilustrador tem
outros trabalhos publicados e que em outros ele pode ter se destacado mais e que pode
ainda ser só uma questão de gosto
pessoal.
Leila – Todos temos nossos "gurus". Quais os
teus, dentro da ilustração de livros infantojuvenis?
Patrícia – Aprecio muito as ilustrações de Beatrix Potter
do livro A história do Coelho Pedro, as do Stephan Michael King, autor de Pedro
e Tina, assim como Suzy Lee, autora de A Onda.
Leila – Sei que
teu filho de 7 anos, é um apreciador (e leitor em potencial!) da literatura.
Qual a influência dele em tuas produções literárias?
Patrícia – Meu filho é a minha paixão, minha inspiração. Converso
muito com ele sobre literatura e ilustração. Ele me vê trabalhando e aprecia
meus trabalhos, me dá ideias ótimas, além de conselhos muito valiosos. Outro
dia eu perguntei para ele, que lê muito: – O que um livro precisa para ser bom
? – O livro tem que ser engraçado mas não pode ser uma piada e o personagem principal
tem que passar por uma enrascada. – Respondeu ele, revelando sua percepção.
3 comentários:
Parabéns às autoras! Parabéns à coordenadora regional AEILIJ/RS, por ter reativado o vice-versa aqui no Sul. Muito bom conhecer as profissionais através deste projeto. Abraços
Obrigada, Hermes, pelo apoio a todas as iniciativas. Abraços.
Muito legal esse vice-versa. É tão bom ler o que pensam sobre lij os colegas, e muito interessante conhecer seu processo de criação. Parabéns!
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